sexta-feira, 25 de julho de 2014

Árvore porca?!

Cheguei à casa que frequentava há alguns anos e para meu espanto faltava algo importante no jardim.
Perguntei o que tinha acontecido com a espatodia e o meu sogro naquele então, respondeu-me: Mandei cortar ela era muito porca.
Porca como? E ele respondeu: Eu tinha que varrer o gramado todos os dias, pois ora eram as folhas, ora eram suas flores, e por fim suas sementes que caiam e se espalhavam com o vento sujando tudo.  
            Nunca tinha ouvido tais adjetivos para qualificar uma árvore.
            O choque e a tristeza me abateram simultaneamente e instantaneamente. Não conseguia entender como alguém tinha capacidade de cortar uma árvore maravilhosa com justificativas tão insanas. Santa ignorância!
Sempre que planto uma árvore são justamente essas coisas que fazem parte da sua vida que eu curto. Vê-las crescer, sua folhagem, suas flores, frutos, sementes, sombra, etecetera. 
            Parara ilustrar, seguem abaixo fotografias da “árvore porca” que coletei na internet.

 


 


 

 
 
            Este ano vendi aquela que foi minha casa, meu lar, onde criei meus filhos, onde vivi 30 anos, ou seja, mais da metade da minha vida. Para mim foi mais uma prova que a vida me impôs, esta vez de desapego. Mas fazer o quê? Já não podia mantê-la e ela estava morrendo, definhando, por falta de cuidados e de amor.
Podem achar que sou louca, mas para mim ela tinha vida e muitas histórias para contar.
Alguns dias atrás meu filho disse que passou pela porta da casa e que os novos proprietários haviam feito uma limpa. Limpa como perguntei? Pasmei, fiquei estarrecida ao saber que haviam cortado as três bouganvilleas e dois fícus citrifolia gigantes, que eu havia plantado na frente da casa que já estavam com mais de vinte anos.
Essas árvores serviam, entre outras coisas, como referência para chegar até a minha residência. Mas isso era o de menos, o mais importante para mim era mesmo a beleza exuberante das bouganvilleas com mais de dez metros de altura, que quando estavam floridas geravam um espetáculo tão maravilhoso que as pessoas paravam na rua para fotografar. Os fícus também eram lindos com seus troncos majestosos, sua folhagem sempre brilhante e suas frutinhas vermelhas.
            Alguns anos antes de vender minha casa, em uma época que estava muito doente, de cama e depressiva, foram os fícus que me mantiveram viva. Eu os olhava quase que o tempo todo, em seus galhos sabiás, saíras-sete-cores e sanhaços, entre outros, cantavam e pousavam para se alimentar das tais sementinhas vermelhas. Além disso, também serviam de berçário, acolhendo ninhos com segurança.
            Para ilustrar melhor sobre o que estou falando coloco outras tantas fotos, começando pelos ficus citrofilia e depois uma das minhas extintas bougavilleas.

 
 
 


 
            Quando penso que milhares de árvores são cortadas por semana, meu coração fica apertado, não consigo entender como pessoas esclarecidas cometem ou ordenam que se cometam tais crimes, destruindo ecossistemas, biomas, biosfera, em fim, somando tudo, condenando o planeta Terra e seus habitantes.
            Estão transformando a Floresta Amazônica em um deserto, da Mata Atlântica só sobraram alguns tufos.
            Não me digam que é o progresso, pois isso podia engambelar as crianças do início do século passado, a mim jamais.
            Meu Pai, como podem dizimar espécies, florestas inteiras sem dó nem piedade? Estamos no século XXI e as pessoas deveriam ser mais esclarecidas, ter consciência dos seus erros e das suas consequências.
            Existem muitas coisas que me causam indignação, mas por hoje só suporto falar destas.
            É uma gota em um oceano? Sim, hoje é a minha gota e sem ela o oceano não seria o mesmo. Não sei a quem estou plagiando com esta frase, mas foi ela que me veio à cabeça e era dela que eu precisava neste momento