terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Era uma vez...?!...!?


Era uma vez, uma família aparentemente feliz, que vivia em uma pequena cidade do interior, digo aparentemente, pois nunca se sabe o que acontece entre quatro paredes e as aparências também podem enganar.
A esposa se chamava Amélia, era jovem, bonita, dedicada, amorosa, inocente e abandonara a faculdade para realizar o sonho de ter a sua família.
O marido era quase dez anos mais velho que ela e atendia pelo nome de Padilha. Era um homem maduro, bem sucedido, porém seu trabalho exigia muito do seu tempo e isso o transformava em uma pessoa muito ausente. Sempre que chegava a sua casa reclamava muito do cansaço, da falta de tempo e do fato de estar sempre enrolado. Às vezes Amélia brincava e o chamava de doutor carretel.
Padilha era um provedor razoável, o dinheiro nunca faltava porem não sobrava.
 E assim, sem maiores inconvenientes, eles tocavam suas vidas.
Depois de alguns anos, para a alegria e realização de Amélia, vieram os filhos e com eles, como era de se esperar, alegrias, muito trabalho e preocupações. Ela era mãe extremamente zelosa, nunca admitiu babás, a única ajuda que ela aceitava de bom grado era a de sua mãe e de vez em quando a da sua sogra.
Os anos foram passando e com eles surgiu o desgaste, nada de anormal até aqui, se não fosse pelo fato que Amélia fora passar as férias com as crianças na Região dos Lagos e que no seu regresso aconteceria uma reviravolta em sua vida.
No final de semana seguinte a sua chegada, eles tiveram que ir a uma grande festa em um clube da cidade. Era mais um churrasco de confraternização da turma que Padilha cursara na faculdade, onde também estariam presentes os familiares.
Aquela farra! Muita bebida, muita carne e muita bebida.
 O resultado desses encontros eram sempre os mesmos, bêbados paquerando as esposas dos amigos e vice versa, gente passando mal, grupinhos fofocando, grupinhos se exibindo com roupas de grife, competição para ver quem tinha o carro mais caro, etc.
Os papos femininos eram sempre os mesmos, as mulheres contando todas as gracinhas que os filhos faziam, depois era a vez da dificuldade que tinham com as babás e ou empregadas, falar mal das sogras ou de alguém da família do marido, fofocar sobre a vida de algum ausente também era um prato a ser degustado com muito prazer por todas.
Amélia tinha pavor dessas festas, preferia ficar brincando com as crianças a ter que participar do rol de falsidade e futilidade das madames.
Enquanto isso, os homens ficavam comentando sobre como eram profissionais reconhecidos, valorizados e bem pagos em suas cidades. Alguns comentavam sobre novas técnicas mirabolantes e revolucionárias (só mentiras) que tinham aprendido em algum congresso, de preferência, do outro lado do mundo. Haviam os que discutiam sobre futebol e outros que adoravam tirar vantagem dizendo que tinham transado com fulanas e com sicranas.
De alguma maneira todos sempre se pavoneavam.
Amélia já sabia de antemão o que aconteceria, mas para a sua surpresa, com certeza, esta confraternização extrapolaria todas as suas expectativas e nunca seria esquecida.
 Quando estava no banheiro, com a porta fechada é óbvio, tentando fazer xixi, entraram duas mulheres e enquanto esperavam, começaram a falar mal de um homem, dizendo coisas como:
– Ele é muito cara de pau.
 – Isso é uma falta de respeito.
 – Onde já se viu trazer a amante e seu filho com ela, para o mesmo lugar onde estão sua esposa e filhos?
 – É um cretino mau caráter.
 – Bem que o meu marido tinha me avisado para ficar longe dele.
 – Quanta maldade! Que coragem! Justo com a enfermeira que todo mundo convive.
 – Você sabia que a Arminda e o menino frequentam a casa deles? 
– Já imaginou o que poderia acontecer se a coitada da Amélia ficasse sabendo desse caso que o Padilha tem há anos bem debaixo do seu nariz?
 – Não tem jeito, a esposa sempre é a última, a saber.
Amélia abriu a porta de um rompante. As duas fofoqueiras gelaram, ficaram mais brancas que algodão. Amélia agradeceu pela amizade e pela fidelidade.
Saiu soltando fogo pelas ventas.
A festa finalmente iria começar(pensou ela)!
Decidida, foi atrás do marido e para azar dele, foi encontrado com a boca na botija. Enquanto falava com a Arminda e fazia cafuné em seu filho.
Sem medo de dar escândalo ela “escovou a fantasia” dos dois, eles pareciam encolher a cada palavra que a Amélia proferia.
As pessoas foram se aglomerando ao redor, primeiro com muita curiosidade e depois de saber do que se tratava, querendo ver o circo pegar fogo. 
Humanos!
A tal da Arminda ficou com a imagem mais suja do que pau de galinheiro, menor do que nitrato de pó de merda e foi aí que o Padilha resolveu abrir a boca:
– Fica calada, fica quietinha, que depois, em casa eu te explico. Vou levá-los embora e mais tarde nos falamos.
Padilha estava por levar a amante, o filho e a família da amante em casa. Era um número de pessoas que não cabia no carro dele.
Amélia gritou de onde estava que ele tinha que comprar uma van.
Padilha mandou-a calar a boca e disse que se ela continuasse o casamento deles estava acabado.
Acabado? Perguntou Amélia
 Vai se foder seu filho da puta.
Curta, simples e objetiva.




Depois virou as costas, foi procurar os seus filhos no parquinho do clube, pois só eles a preocupavam. Ao encontrá-los ficou feliz porque percebeu que eles não sabiam do ocorrido.
Pegou suas crianças e foram tomar sorvete.
Nada melhor que sorvete depois de um churrasco.
A caminho do seu lar, ela pegou um chaveiro e mandou trocar todas as fechaduras da casa.
Enquanto as crianças tomavam banho antes de dormir, ela ligou para o seu pai, que era um dos melhores advogados do estado, contou tudo e fim de papo.



Moral da história: Tenha sempre um advogado de confiança na família


Pergunta que não quer calar: Tem algum advogado que possa me adotar?


 



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