terça-feira, 26 de abril de 2016

Divididos em castas?!




Divididos em castas, percebe?

            É isso que a mídia e a sociedade esperam de nós, que nos dividamos em pequenas e incontáveis castas. Castas doentes, decadentes, fanáticas, digladiando-se entre si e sem controle algum.
Por política, por religião, por etnia, por classe social... Qualquer motivo que nos faça ver o outro com um inimigo perigoso e imbatível.
Batalhas são travadas por inocentes insuflados por ódios alheios.
Não sei você, mas eu estou assustada, decepcionada por ver o rumo que a vida está tomando e vendo que seres humanos são verdadeiros títeres nas mãos das forças opressoras.
Valores e bons costumes estão fora de moda. Ética, educação, princípios, respeito, decência, companheirismo, solidariedade, responsabilidade, gratidão, perdão, direitos, deveres, honestidade, honra, justiça, amizade, amor... Por onde andam? Voltem, por favor.
Em quem confiar? Em que confiar? Onde está escondida a verdade?
Ganância sem limites, promessas não cumpridas, deslealdade, intolerância, covardia, medo, insegurança... Vão embora! Um tempo, por favor.
Bebês abandonados em lixeiras, crianças trabalhando e sem infância, juventudes roubadas de seus sonhos, adultos desempregados e sem esperança, anciãos abandonados ao Deus dará. Em mim, isso ainda dói. Serei humana ou uma extraterrestre deixada aqui por engano?
Preconceito, prejulgamento, prepotência, presunção...
Acredito que tudo tem um motivo, goste dele ou não.
 Importam receitas caóticas, ultrapassadas, vindas do exterior. Música, moda, artes, educação, política... Até o nosso vocabulário vem sendo substituído por termos estrangeiros, sem necessidade alguma.  Isso é uma temeridade já que possuímos um vocabulário muito risco, extenso e até com palavras que desconhecemos.
Não quero falar sobre o caos político pelo qual o país passa, pois eu já vi e ouvi o suficiente para décadas de tristeza.
Tenho a impressão de que as pessoas começaram um jogo terrível, uma disputa doentia, de quem é mais infeliz, de quem é mais injustiçado, de quem é mais perseguido.
Creio que se a coisa continuar a fluir por aí, o final será triste.
Usarei como exemplo algumas passagens que aconteceram comigo.
Ao chegar ao Brasil, em navio no Porto de Santos, vi um homem muito negro, coisa que para mim era novidade, óbvio que uma criança com sete anos olha sem maldade, sem censura. Pois o tal cidadão me perguntou através de gestos se eu tinha gostado da cor dele? Tímida que era fiquei muda e assustada.  Ele me disse para passar limão no corpo todo e ficar ao sol. Isso é conselho que se dê para uma criança de sete anos? Vocês sabem as queimaduras que o limão provoca na pele quando exposta ao sol.
 Quando jovem me apaixonei por um rapaz afro descendente que estudava na minha turma e ele ao saber mandou o seguinte recado: Ele não namorava brancas azedas.
Anos depois fui assistir a um show no antigo Canecão de um conjunto só de afro descendentes. Nunca tinha visto tanto racimo, ódio e preconceito juntos. E olha que eles estavam se apresentando para uma plateia na qual a grande maioria era branca. No mínimo eles foram desrespeitosos.
Durante a minha vida sofri bastante nas mãos de muitos verdugos. Fui humilhada e maltratada tantas vezes que perdi a conta. Ora porque não falava o português, ora porque minha mãe me vestia diferente das crianças daqui, ora porque era gordinha, ora pelos meus cabelos lisos e longos, ora porque era argentina... Eles tinham muitos motivos para me causar danos.
 E daí? Essas coisas acontecem desde que o mundo é mundo.
As pessoas estão perdendo a noção de tudo e se deixando levar por discursos geradores de ira e vingança.
Acordemos de uma vez por todas antes que não haja volta.
O passado deve servir como exemplo e não como moeda de vingança.
Não carreguemos fardos desnecessários que foram criados por seres de pouca ou nenhuma luz.

Que tal viver sem se afastar destes pilares? Paz, luz, gratidão, amor, sabedoria, bondade, solidariedade, paciência, aceitação e fé.