terça-feira, 27 de março de 2012

Diferenças entre olhar e ver.


Teresópolis, 26 de março de 2012.



Diferenças entre olhar e ver.



Primeira parte.



Hoje, quero homenagear as coisas e pessoas taxadas pela sociedade como cafonas ou bregas.

Existe em Teresópolis um casal de idosos, nunca conversei com eles, não sei seus nomes, mas para mim eles são lindos, autênticos e folclóricos. Geralmente os vejo caminhando pelas ruas do centro da cidade, sempre de mãos dadas, carregando alguma compra ou simplesmente andando.

Há anos eu os observo, são incrivelmente belos, criativos e esse andar de mãos dadas que eles têm transmite um carinho, um zelo incomum no tempo em que vivemos.

Suas roupas!  Nunca vi nada igual, nem a personagem do Agustinho da Grande Família chega perto.

Acredito que seja ela, com a ajuda dele, que montam os seus figurinos. Nota-se que são roupas muito usadas e antigas, compradas em brechós ou ofertadas por conhecidos, não tenho ideia de onde elas surgem. O toque final que é a mistura de gêneros, tecidos e cores, a primeira vista são chocantes, porém neles é uma obra de arte, algo extraordinário.

 É isso! Eles são verdadeiras obras de arte ambulantes, nunca se repetem.  Os adereços são incríveis, digamos que ninguém em sã consciência usaria nada do que eles vestem. O dom de transformar o incombinável em belo é algo de chamar a atenção, eles brilham e se destacam na multidão.

Nunca conversei com ninguém sobre eles, logo não sei o que as outras pessoas pensam, acredito que muitos os julguem como loucos, e se o são, mais uma vez me rendo a eles, aos loucos, a sua criatividade sem medo, sem modismos, sem preconceito, sem regras aparentes. Eles são livres, descompromissados, e isso tudo somado só os engrandece.

Nota-se que são pessoas humildes e talvez sem aquilo que chamamos de instrução.

Fico imaginando como será a casa deles?  Um sonho! Bibelôs por todos os lados, cortininhas de tafetá floridas, pinguim em cima da geladeira, alegre, sei lá.

 Espero um dia ter a oportunidade de lhes falar, de parabenizá-los e poder fotografá-los. São muito lindos, fofos, únicos e não serão eternos, pelo menos aqui na Terra.

Como nós seres humanos somos críticos e excludentes. As Shopping Girls, os Mauricinhos, etc., eu não gosto de rotular, de nominar tribos, todavia, fechar os olhos é impossível.

Minhas obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas, na sua grande maioria recebem críticas, não são compreendidas, mas quem sou eu? Um dos meus gênios favoritos, Van Gogh, vendeu um único quadro e foi para seu irmão.  Em hipótese nenhuma estou me comparando a ele, o que gostaria de expressar é que é difícil para os outros compreenderem o que expressamos no papel, nas telas, que nada mais é que a transferência do que levamos em nossas almas tão únicas e diferentes.

Devem ter sido todos esses pensamentos, conceitos e sentimentos que estão incrustados em minha alma que fizeram com que eu me apaixonasse por Dulcinéia.

Foi amor à primeira vista! Linda! Pensei nas mãos do seu criador, no trabalho que teve e que provavelmente não foi valorizado. Não resisti, comprei-a, e batizei-a. Podem dizer o que quiserem, ela agora faz parte da minha vida.

Bato palmas para todas as Dulcinéias que ainda estão por ai incógnitas.
 Meus mais sinceros votos de que sejam descobertas, apreciadas com todo o respeito que merecem, valorizadas e amadas.

Desculpem, mas agora o momento é só dela, da minha amada Dulcinéia.



              Simples, bela e tão expressiva!

              Não consigo passar por ela sem ofertar-lhe um sorriso e comprimentá-la.

              Para alguns, ela não passa de um imã de geladeira.






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