Teresópolis,
26 de março de 2012.
Diferenças entre olhar e ver.
Primeira parte.
Hoje, quero homenagear as coisas e pessoas
taxadas pela sociedade como cafonas ou bregas.
Existe em Teresópolis um casal de idosos,
nunca conversei com eles, não sei seus nomes, mas para mim eles são lindos, autênticos
e folclóricos. Geralmente os vejo caminhando pelas ruas do centro da cidade,
sempre de mãos dadas, carregando alguma compra ou simplesmente andando.
Há anos eu os observo, são incrivelmente
belos, criativos e esse andar de mãos dadas que eles têm transmite um carinho,
um zelo incomum no tempo em que vivemos.
Suas roupas!
Nunca vi nada igual, nem a personagem do Agustinho da Grande Família
chega perto.
Acredito que seja ela, com a ajuda dele, que
montam os seus figurinos. Nota-se que são roupas muito usadas e antigas,
compradas em brechós ou ofertadas por conhecidos, não tenho ideia de onde elas
surgem. O toque final que é a mistura de gêneros, tecidos e cores, a primeira
vista são chocantes, porém neles é uma obra de arte, algo extraordinário.
É isso!
Eles são verdadeiras obras de arte ambulantes, nunca se repetem. Os adereços são incríveis, digamos que
ninguém em sã consciência usaria nada do que eles vestem. O dom de transformar
o incombinável em belo é algo de chamar a atenção, eles brilham e se destacam
na multidão.
Nunca conversei com ninguém sobre eles, logo
não sei o que as outras pessoas pensam, acredito que muitos os julguem como
loucos, e se o são, mais uma vez me rendo a eles, aos loucos, a sua
criatividade sem medo, sem modismos, sem preconceito, sem regras aparentes.
Eles são livres, descompromissados, e isso tudo somado só os engrandece.
Nota-se que são pessoas humildes e talvez
sem aquilo que chamamos de instrução.
Fico imaginando como será a casa deles? Um sonho! Bibelôs por todos os lados,
cortininhas de tafetá floridas, pinguim em cima da geladeira, alegre, sei lá.
Espero
um dia ter a oportunidade de lhes falar, de parabenizá-los e poder fotografá-los.
São muito lindos, fofos, únicos e não serão eternos, pelo menos aqui na Terra.
Como nós seres humanos somos críticos e
excludentes. As Shopping Girls, os Mauricinhos, etc., eu não gosto de rotular,
de nominar tribos, todavia, fechar os olhos é impossível.
Minhas obras de arte, pinturas, desenhos,
esculturas, na sua grande maioria recebem críticas, não são compreendidas, mas
quem sou eu? Um dos meus gênios favoritos, Van Gogh, vendeu um único quadro e
foi para seu irmão. Em hipótese nenhuma
estou me comparando a ele, o que gostaria de expressar é que é difícil para os
outros compreenderem o que expressamos no papel, nas telas, que nada mais é que
a transferência do que levamos em nossas almas tão únicas e diferentes.
Devem
ter sido todos esses pensamentos, conceitos e sentimentos que estão incrustados
em minha alma que fizeram com que eu me apaixonasse por Dulcinéia.
Foi
amor à primeira vista! Linda! Pensei nas mãos do seu criador, no trabalho que
teve e que provavelmente não foi valorizado. Não resisti, comprei-a, e batizei-a.
Podem dizer o que quiserem, ela agora faz parte da minha vida.
Bato
palmas para todas as Dulcinéias que ainda estão por ai incógnitas.
Meus mais
sinceros votos de que sejam descobertas, apreciadas com todo o respeito que merecem, valorizadas e amadas.
Desculpem,
mas agora o momento é só dela, da minha amada Dulcinéia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário