A doutora perita da pericia
Meu
Pai celestial, eu sei da sua onipresença, portanto testemunhaste o meu
sofrimento diante “dela”. Fazendo uma comparação: a cena era a de um cordeiro
tentando se defender de um leão faminto.
Nunca
vi nada igual! Levei umas anotações, por causa da minha falta de memória, era
apenas um roteiro com tópicos que permitiriam lembrar-me dos fatos e dos
profissionais envolvidos na minha caminhada desde que fiquei doente, há três
anos, até o ponto onde me encontro hoje.
Primeiro desarmou-me! Fez isso sarcasticamente,
com zombaria e ares de supremacia, ordenando que eu guardasse as minhas
anotações e dizendo algo assim como: – Isto é uma audiência não é uma
brincadeira!
Deixou
bem claro que era um inquisidor. Senti-me como um aprendiz de bruxa totalmente despreparada
sendo engolida viva, ela não quis nem perder tempo com o ritual de queimar-me
na fogueira.
Amedrontar-me
e desestruturar-me foi o seu primeiro passo em direção ao meu massacre.
A
tal pessoa ria, me chacoteava, criticava tudo o que eu falava ou argumentava,
sem dó nem piedade.
Uma
doutora doutrinada para matar, sem piedade ou compaixão, eu nunca vi nada mais
descabido.
Passei
dias, semanas, tensa, preparando-me para este encontro, mas em nenhum momento
passou pela minha mente que se tratava de um enfrentamento covarde, desigual e
desleal. Pegou-me de surpresa, totalmente fragilizada e despreparada.
Gostaria
que isto que escrevo seja mais do que um desabafo ou uma catarse, quero ajudar
as pessoas que por algum motivo vão se deparar com um problema semelhante ao
meu. Ou seja, alguém que esteja movendo uma ação contra um órgão governamental por
estar doente, física e mentalmente, sem a menor condição de trabalhar.
Na
hora que lhe derem a data da pericia médica, preparem-se porque o buraco é
muito mais embaixo do que possam imaginar. Estejam aptos a suportar todo tipo
de humilhação e de golpes baixos, saibam que deixá-los indignados é só o começo
da prática, conforme a pericia vai avançando tudo piora você se desequilibra e
perde o rumo.
Esteja
certo de que todos os médicos, todos os diagnósticos, corretos ou não, que todos
os atestados médicos e exames não valem nada. Os profissionais que te atenderam
não passam de médicos despreparados. Por exemplo: um médico formado na UFRJ,
com mestrado no Hospital da Lagoa e que exerce sua profissão há muitos anos,
este profissional quando erra em seus diagnósticos não é por incompetência e
sim por inexperiência.
Os
médicos que acertaram o meu diagnostico também são despreparados e a
fibromialgia, acompanhada por distúrbios neurológicos e psicológicos, não passa
de um modismo. Foi exatamente o que ela, a Super Médica Perita disse: – Engraçado,
essa doença virou moda, todo mundo tem.
Foram
os quarenta minutos mais longos da minha história, fui humilhada, achincalhada
e desmoralizada e o que é pior não consegui me defender. Ao sair da sala eu não
valia nada, ela me transformara, naquele momento eu estava vazia e oca.
Suas
palavras, seu jeito de agir e falar ainda ecoam dentro de mim. Sua estampa está
gravada em minha mente, o meu corpo saiu daquela sala, mas o meu eu ainda não
conseguiu.
Lembro-me
neste instante em que escrevo dos presos políticos da era militar, seus algozes
com certeza usavam esse tipo de tática, para mim só ficou faltando a tortura
física, pois a mental foi completa.
Saí da sala de interrogatório com uma faixa
imaginária, igualzinha a essas das misses, com os seguintes dizeres bordados
com lantejoulas douradas em veludo vermelho: Miss Babaca 2012.
Gostaria
de poder dar a esta criatura o meu corpo por algum tempo, assim ela perceberia
que eu não sou adepta a modismos, e que ao sair dele tivesse a certeza de que ela
não é nada além de uma presunçosa, arrogante, prepotente, ignorante e
INCOMPETENTE. Ou seria INEXPERIENTE?
Vivendo
e aprendendo! È muito triste, mas eu estou mais convicta de que a desigualdade
entre seres humanos e desumanos é muito desproporcional.
Dedico este pequeno texto a uma médica perita que crê que
é onipotente.
Viviana Moreira
P.S.
:Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário