segunda-feira, 30 de abril de 2012

Pérola Roxa


Teresópolis, 30 de abril de 2012.

Pérola Roxa

Ano passado, a chuva em Teresópolis atingiu áreas residenciais deixando um rastro mórbido de devastação. Morreram milhares de pessoas, bairros totalmente destruídos, uma calamidade sem precedentes.
Este ano, tudo começou ao anoitecer da sexta-feira da Semana Santa, dia 6 de abril de 2012, e a área mais atingida foi a do centro da cidade.
Muitos comerciantes foram afetados, houve de tudo: os que perderam pouco, os que perderam quase tudo e outros, tudo.
Estou certa de que muitos recuperarão suas perdas materiais e se não conseguirem em curto prazo, quem sabe com o tempo, mas nada se compara as perdas da noite do dia 11 de fevereiro para o dia 12 de 2011, essas nunca serão resgatadas.

Não vou gastar meu tempo falando em políticos ou política, em ladrões, em corrupção, na falta de solidariedade e de vergonha na cara, pois o que quero deixar é só um depoimento.







 O condomínio onde moro fica a 3Km da estrada principal, o caminho é de terra, logo é obvio que na época das chuvas temos que trafegar a uma velocidade tão baixa que a agulha do velocímetro nem se mexe, sem contar que quicamos dentro do carro que nem pipoca na panela, também se faz necessário fazer manobras radicais para tentar fugir dos buracos, cada vez maiores, e das barreiras que caíram.

Uns dias depois do último fenômeno natural, voltava para casa e ao passar vi em uma das barreiras misturada com o barro, uma planta caída, que me chamou a atenção.

Pedi ao meu companheiro que parasse o carro, voltei andando alguns metros e quando a vi, não resisti. Ela tinha o que parecia ser um botão, suas raízes estavam expostas e com certeza morreria ali se eu não a pegasse. Trouxe-a para casa, plantei-a imediatamente em um vaso com terra adubada e procurei um lugar que se parecesse mais com o seu habitat natural.

Conversei muito com ela, dei-lhe amor, carinho e proteção. Ritual que sigo até hoje, além de fotografa-la, é obvio. Podem dizer que sou maluca, mas: Tô nem ai!




Os dias passavam e lá estava ela, uma incógnita, não sabia se ela estava viva ou morta. Até que em uma bela manhã o botão começou a se abrir: Meu Deus, não dava para acreditar em algo tão belo. Que presentão!











Entre todas as minhas plantas, por conta da sua história prévia, ela é o meu xodó e depois do botão aberto, ficou impossível descrever os meus sentimentos por ela.

Atualmente o que para os outros é um grão de areia, para mim é o Pão de Açúcar. Vejo o que os outros não vêm, sinto o que ninguém sente. Tudo foi ampliado com a fibromialgia, que pra quem não sabe, é uma doença.
 Deve ser a dita lei da compensação em ação. Só tenho que me afastar das coisas que podem me abater, tarefa difícil nos dias de hoje.
Curti cada dia da minha planta, a Pérola Roxa, agora sua flor está fazendo o caminho natural que é despedir-se deste plano.
Por um lado estou um pouco triste, não posso negar, mas nada se assemelha a alegria que ela me proporcionou nestes dias.
Ela é só uma planta? Não! Nada neste mundo é igual, nada se repete, o tempo não volta, o tempo não para.
Continuarei cuidando da Pérola Roxa com o mesmo carinho de sempre e quem sabe um dia ela volte a florir.
O que peço é que cada um busque a sua “Pérola Roxa”, ela pode estar em qualquer lugar. Encontrem-na  e verão como é bom se dar simplesmente. O retorno pode vir ou não, isso não tem importância, o fato é que nada pode se comparar a alegria de dar amor.

Seja ao que for, doar-se é muito bom!
                                                                             Viviana Moreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário