quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Atentado ao vernáculo

Semana passada ao andar pelas ruas da cidade, percebi que existe uma conspiração, um atentado ao vernáculo de nosso país.
De vinte pessoas, todas jovens, que passaram por mim, umas quatro estavam fora de área, cinco se comunicavam através de seus celulares e as outras caminhavam em grupinhos de três ou mais pessoas. Tanto as que falavam ao celular, quanto as que andavam em grupinhos usavam um linguajar impróprio, de baixo calão.
Estes transeuntes em questão faziam uso de impropérios múltiplos para se comunicar, em alto e bom som, sem a menor cerimônia.
Diante da minha dificuldade para entender, convido todos os amigos da minha geração para participar de uma conversa informal, onde espero que vocês possam me prestar esclarecimentos quanto ao novo vocabulário usado pela população juvenil.
Na minha adolescência, se eu usasse um só dos vocábulos que ouvi teria que arcar com problemas sérios; se na presença de meus pais, o bofetão era dito e certo, se no meio da rua receberia o rótulo de vagabunda ou no mínimo levaria um pito de algum adulto que passasse no momento.
De acordo com o dicionário Aurélio, que mostra mais de 70.000 verbetes, concluí que a vasta riqueza de nosso idioma permite uma comunicação limpa e clara sem a necessidade do uso de vitupérios.
Não sou santa, moralista, nem dona da verdade e sinto necessidade de comunicar com meus semelhantes.
O que devo fazer? Por favor, me ajudem.
Escrevo a seguir alguns exemplos das coisas que ouvi:
 – Não fode!
– Fudeu!
–. Do caralho!
– Pra Caralho!
– Que porra!
– Véio, aquela tia comeu meu cu na prova.
– Tu vai tomá no olho do seu cu, sua escrota. 
– Na boa, teu irmão é um filho da puta.
– Nóis fumo lá, mais não encontremo a vadia.

Sugiro aos nossos linguísticos que formulem um manual de conversação, contendo os múltiplos significados atualizados dos vocábulos e expressões usadas pelos jovens deste país, para que assim possamos manter um diálogo.

P.S.: Meus queridos e amados jovens, não sou careta e considero a minha boca um tanto suja para os padrões da minha época, ou seja, os palavrões também fazem parte do meu vocabulário, mas vocês estão perdendo o rumo, tudo tem sua hora e lugar. Além do que, existe uma coisa chamada respeito a qual foi perdida. Respeitem o próximo se quiserem ser ouvidos e levados a serio. Aprendam que tudo tem sua hora e seu lugar.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Arrogante e ignorante




Quando pensei que já havia aprendido tudo, que minha missão estava completa e terminada, ou seja, meus filhos de sangue criados e a minha cota de dedicação à educação dos filhos alheios findada, percebi o tamanho da minha arrogância e ignorância.

 Todo dia a vida apresenta uma nova lição para quem está disposto a aprender.

Demorei um tempo até perceber o óbvio. Sempre fui e sempre serei, simultaneamente, aluna e professora. O vínculo é eterno, não é uma opção e sim uma realidade necessária para o crescimento do individuo e que se encontra ao alcance de todos.

Manter sempre a mente alerta e aberta para todo e qualquer ensinamento disponível, venha de onde vier.

A Mãe Natureza e nós os filhos da Terra, em uma permuta permanente, onde o dualismo é uma constante.

Aprender com o bem e o mal, com o bom e o mau, com o que é visível e principalmente com o que está invisível ao nosso olhar de simples mortais.

Perceber o que está escrito nas entrelinhas, acreditar na intuição, ter discernimento, esmiuçar tudo até a última instância e questionar constantemente. Não acreditar em pratos feitos, o que parece estar pronto pode ser uma armadilha, analisar friamente sempre, evitando a robotização e o atrofiamento da mente.

Não somos uma massa, somos únicos e temos o dever de fazer a diferença valer apena.

Tivemos grandes mestres como exemplo, nos foi passado todo tipo de ensinamentos, mas parece que ser torpe é muito mais fácil, pois a mudança requer trabalho árduo e incessante.

Lemos e escutamos, porém não fazemos valer o que é pregado. Não assimilamos, não ouvimos com a alma, nem enxergamos com o coração, o que faz com que levemos uma vida vazia, correndo atrás do próprio rabo.

Muitos pregadores são exemplos vivos do ditado: Faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Como podemos segui-los se eles não nos dão o exemplo tão esperado?
Creio que o importante tem que ser o que fazemos, estar com as nossas consciências em paz, tentar aprender com os exemplos da Mãe e nunca dar algo por terminado.

Percepção


A porta da percepção

Ela se abriu!  Alguém faça o favor de fechar!

De lá saíram o belo e o feio em proporções desiguais, desestruturadas e devastadoras.

Alguém feche a porta, por favor!

De lá saíram adultos corrompidos pelo sistema que um dia foram crianças com ideais e ideias que valiam a pena.

Um mundo que assusta e que me é difícil aceitar, mas no fundo ele pouco importa, não tem mais jeito faz muito tempo.

As minhas crianças! Foram trituradas e formatadas, se perderam.

Alguém, eu mandei fechar a porta!

Alguém me responde tranquilamente: Minha senhora, uma vez aberta a porta da percepção, não há como fechá-la.

Sinto uma dor profunda, pois sei que é verdade. Que eu não queira aceitar a realidade não altera em nada os fatos.

Não tenho o poder de mudar o que está aí.

A roda da vida segue o seu rumo é inevitável, mas tenho a escolha de onde fixar meu olhar.

Pois bem, já que não posso com o mundo, escolho ver o bem e o belo.

Nada pude fazer para remediar o inevitável.

Das sementes que plantei só algumas germinaram.

Para vocês que se salvaram uma salva de palmas!

Mas por favor, tomem cuidado o mal está à espreita e sempre há tempo para sair dos trilhos.

Olhem bem o caminho antes de segui-lo.

Fico aqui na torcida pelo sucesso de vocês, porém receosa e ansiosa, pois sei que muito mais fácil se render ao mal do que ser um Golias.

Muita força para os meus heróis, aqueles que não se renderam e que continuam imaculados.

Avante meus heróis! Que a luz, a paz e a determinação esteja com vocês.

Boa sorte!

Eu?

Já fiz a minha parte! Cansei!

Fico no meu pequeno mundo de porta fechada, onde decreto que de agora em diante, o feio e o mal estão proibidos de entrar.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Valentia ou resignação

Dou lugar à valentia ou ao conformismo?
 
A primeira coisa que fiz ao acordar foi perguntar se o dia estava bonito e me responderam: O dia está lindo.
Levantei com o ímpeto de tomar o meu café, pegar o carro do meu filho e ir para o Parnaso e caminhar pela Trilha Suspensa.
Ao tirar o pé da cama, senti o meu corpo doente.
Neste momento o Parnaso se transformou em um sonho quase impossível.
Minha mãe sempre me chamou de guerreira, eu respondia que não era guerreira e sim maluca. Maluca, pois me atirava nas coisas de cabeça, sem medir muito as consequências. Pensava eu quero e pronto, superava qualquer obstáculo que se apresentasse sem medo.
Fazemos muito isso quando somos jovens, mas com a idade nos acovardamos, calculamos tudo,  dando espaço para o medo se instalar.
Nunca fui inconsequente, mas sempre consegui o que quis.
E agora? O Parnaso com minha amada Trilha Suspensa ficou tão distante, quase inatingível.
Minha realidade é outra, meu corpo não responde, as dores são minhas companheiras.
Abro a janela do meu quarto e observo as montanhas. A vista é um presente de Deus, mas a minha amada Natureza está muito longe.
 O que faço agora? Dou lugar à minha valentia louca ou me conformo?