Como? Depende!
A
mente! Ela não para, cavalo selvagem. Ideias surgem aos borbotões e passeiam sem
direção.
Como
dominá-la? Fazer com que esqueça as coisas lúgubres do passado, que não perca
tempo com um futuro incerto e que preste a devida atenção no presente.
Presente?
A palavra em si já se basta.
Ver?
Benção de poucos e olhar é para a maioria.
Escolha?
Quero enxergar as coisas boas e lindas, estar atenta e retê-las o máximo
possível. As feias e ruins, quero dar-lhes a devida tonalidade, usar nuances
suaves, sem carregar na tinta, sugar-lhes a lição e de pronto esquecê-las.
Como
desatar os nós?Tenho algo atravessado na garganta, trago a voz embargada e os
olhos marejados.
Qual
é a causa desta agonia? Será de algo que fiz ou que deixei por fazer? Algo que falei
ou do que deixei por dizer?
Tudo
é ambíguo, volátil e incerto.
Como
alcançar o caminho do meio, a ausência do desejo e sem ilusões.
Um milésimo
de segundo separa um atleta da almejada medalha.
Uma
resposta errada separa o vestibulando da faculdade.
Derrota,
fracasso, perda, penar, pena.
Desperdiçamos
vidas inteiras, indo e vindo rotineiramente, sem refletir.
Somos
seres arrogantes, perecíveis e às vezes descartáveis.
Perecíveis sim, e
levar isto em consideração não é irrelevante.
Adoecemos, envelhecemos,
encarquilhamos, encolhemos, perdemos
a casca
que nos reveste e apodrecemos. Lógico que podemos pular alguma etapa, mas do
fim ninguém escapa.
Somos únicos, mas nem por isso temos
a importância que nos damos. Tudo depende muito desde onde nos olhamos. Podemos
ser um grão invisível de poeira, podemos ser apenas um dos sete bilhões de
habitantes do planeta, podemos ser um elemento de um pequeno núcleo, podemos
ser nosso próprio centro.
Quanto
a receber atenção? Isso é raro, ninguém tem tempo a perder. Parecemos ser
invisíveis, quando nos percebem não nos vem, nunca achamos que temos o que merecemos.
Nada é suficiente.
Podemos tudo e simultaneamente não
podemos nada. Tudo depende. Depende de que? Existem perguntas que nunca
deveriam ser proferidas, elas têm infinitas interpretações, e as respostas
podem ser verdadeiras, dúbias, evasivas, irreais, falsas ou simplesmente vazias.
O
que é a verdade? Esta é mutante, a minha verdade provavelmente não corresponde
a sua e muito menos a deles. Caímos novamente no depende. É assim mesmo, tudo
depende, varia, é relativo.
Certezas?
Só duas: a de que é uma ilusão pensar que possuo alguma coisa, de que existe
algo que de fato é meu e a outra é de que a morte é um fato. Tudo tão
contraditório. Se de fato não possuo nada, por que a morte é minha de fato? Logo
concluo que uma das duas certezas que tenho é falsa. Qual é? Ah! Não vou
morrer.
Morte?
Não! Fim? Não!
Sair
por aí sem lenço, sem documento, sem bagagem. A favor ou contra o vento, não
importa.
O
meu Eu esteve, está e estará. Em algum
momento alcançará a paz, será luz e em outros tempos talvez meu Eu volte em
outra casca.
Quem
sabe? Tudo depende.
Viviana Moreira
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