terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Como? Depende!


Como? Depende!

A mente! Ela não para, cavalo selvagem. Ideias surgem aos borbotões e passeiam sem direção.

Como dominá-la? Fazer com que esqueça as coisas lúgubres do passado, que não perca tempo com um futuro incerto e que preste a devida atenção no presente.

Presente? A palavra em si já se basta.

Ver? Benção de poucos e olhar é para a maioria.

Escolha? Quero enxergar as coisas boas e lindas, estar atenta e retê-las o máximo possível. As feias e ruins, quero dar-lhes a devida tonalidade, usar nuances suaves, sem carregar na tinta, sugar-lhes a lição e de pronto esquecê-las.

Como desatar os nós?Tenho algo atravessado na garganta, trago a voz embargada e os olhos marejados.

Qual é a causa desta agonia? Será de algo que fiz ou que deixei por fazer? Algo que falei ou do que deixei por dizer?

Tudo é ambíguo, volátil e incerto.

Como alcançar o caminho do meio, a ausência do desejo e sem ilusões.

Um milésimo de segundo separa um atleta da almejada medalha.

Uma resposta errada separa o vestibulando da faculdade.

Derrota, fracasso, perda, penar, pena.

Desperdiçamos vidas inteiras, indo e vindo rotineiramente, sem refletir.

Somos seres arrogantes, perecíveis e às vezes descartáveis.

Perecíveis sim, e levar isto em consideração não é irrelevante.

Adoecemos, envelhecemos, encarquilhamos, encolhemos, perdemos

a casca que nos reveste e apodrecemos. Lógico que podemos pular alguma etapa, mas do fim ninguém escapa.

            Somos únicos, mas nem por isso temos a importância que nos damos. Tudo depende muito desde onde nos olhamos. Podemos ser um grão invisível de poeira, podemos ser apenas um dos sete bilhões de habitantes do planeta, podemos ser um elemento de um pequeno núcleo, podemos ser nosso próprio centro.

Quanto a receber atenção? Isso é raro, ninguém tem tempo a perder. Parecemos ser invisíveis, quando nos percebem não nos vem, nunca achamos que temos o que merecemos. Nada é suficiente.

            Podemos tudo e simultaneamente não podemos nada. Tudo depende. Depende de que? Existem perguntas que nunca deveriam ser proferidas, elas têm infinitas interpretações, e as respostas podem ser verdadeiras, dúbias, evasivas, irreais, falsas ou simplesmente vazias.

O que é a verdade? Esta é mutante, a minha verdade provavelmente não corresponde a sua e muito menos a deles. Caímos novamente no depende. É assim mesmo, tudo depende, varia, é relativo.

Certezas? Só duas: a de que é uma ilusão pensar que possuo alguma coisa, de que existe algo que de fato é meu e a outra é de que a morte é um fato. Tudo tão contraditório. Se de fato não possuo nada, por que a morte é minha de fato? Logo concluo que uma das duas certezas que tenho é falsa. Qual é? Ah! Não vou morrer.

Morte? Não! Fim? Não!

Sair por aí sem lenço, sem documento, sem bagagem. A favor ou contra o vento, não importa.

O meu Eu esteve, está e estará.  Em algum momento alcançará a paz, será luz e em outros tempos talvez meu Eu volte em outra casca.

Quem sabe? Tudo depende.

Viviana Moreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário