segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Perdão


Perdão


Estar doente não significa ser doente. A doença se encontra nas mentes desgovernadas. Mentes que viajam pela negatividade do passado e pela falta de fé em um futuro melhor.

Passado marcante, incomum e irremediavelmente imutável; a palavra em si já o diz, passou.

Perdoar é preciso!

O tempo é implacável não para nem volta.

Os erros cometidos não têm perdão.

O que não tem remédio, remediado está.

Lembranças ruins se acumulam e não encontro solução.

Como:

Perdoar a mim, a ti, a ele, a nós e a eles?

Apagar os traumas do passado?

Recomeçar, entrar em um jogo onde haja igualdade, sem vitoriosos nem derrotados? Sem placar, só pelo prazer de jogar.

Encontrar a lealdade e a confiança.

Vem-me a mente que o primeiro passo é perdoando.

O que é perdoar?

Quando perdoamos, os responsáveis por acontecimentos negativos do passado são esquecidos? E os fatos onde ficam?

Então não sei perdoar. Não consigo esquecer meus algozes e se cutuco as velhas cicatrizes, elas se abrem e voltam a sangrar.

O que é o perdão?

Quando perdoamos alguém, ao lembrar-nos do fato ele não dói mais?

Não sei perdoar. A mais vaga lembrança pode me fazer chorar.

Como se faz para perdoar?

Nenhuma religião, nem ninguém me respondeu esta pergunta.

Como abandonar os fardos?

Também não sei. Quando algum motivo externo acende a chama da lembrança, ela vem à tona com uma riqueza de detalhes, de minúcias que chega a ser sórdido e grotesco. Tudo é tão intenso que pula o passado e se torna presente. As falas, a expressão no rosto das pessoas, as minhas dores, tudo é real.

Os fardos se acumulam com o passar do tempo e é impossível carregá-los.

Os diagnósticos para minha doença mental: psicopata, neurótica, emotiva descontrolada e masoquista. Pergunto-me o que acontece se juntarmos os quatro? Não descartando que também existe a probabilidade de que alguém adicione um quinto ou um sexto diagnostico, por que não?

Estou cansada de diagnósticos e de diagnosticadores.

As causas e os efeitos colaterais eu já os conheço de cor: depressão, dores no corpo e na alma, vontade de morrer ou de matar, dependendo do dia.

Não me importa o nome da doença, eu quero a acura.

Quem perdoa é Deus e quem remexe nas coisas ruins do passado é idiota.

Qual é o nome que se dá a:

Quem tem as perguntas e as respostas, mas não sabe aplicá-las?

Quem não é pratico e objetivo em suas ações?

Alguém pode me responder por que sou tão tosca e cruel comigo?

Poderiam ser os erros cometidos no passado ou quiçá em outras vidas?

Quer saber uma coisa? Viver assim dói demais e degenera as células.

Quero apertar um botão e deletar o passado, dedicar-me só ao presente.

Quer saber de outra coisa? Que se dane o avião que eu não sou o piloto!

 Não! Nem isso eu posso fazer, lamentavelmente sou a aeronave e tenho que pilotá-la até o destino final.

Apertar o botão de foda-se? Já tentei, mas sinto que a mira está apontada para mim.

Alguém poderia me dar uma sugestão cabível, que resolvesse as minhas carências e problemas existenciais?

Ei você aí que tem a resposta: publique-a em outdoors, revistas, jornais, faça com que circule pela internet e grite-a bem alto para que todos ouçam.

Estou certa de que desajustados como eu, existem aos milhares e precisam dessa resposta sem demora, neste momento, agora, já.
                                                                                                        Viviana Moreira



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